Por Luigi Mazza

A indústria energética vem passando por mudanças conjunturais em meio à crise, e os novos caminhos do mercado abrem hoje espaço para maiores investimentos em eficiência operacional. A busca pela redução de custos vem ampliando as demandas de empresas que atuam com o gerenciamento de contratos e tecnologias para otimização de processos, o que atualmente consolida um novo nicho de investimentos na cadeia industrial brasileira. É com foco nessa área que vem atuando a Paradigma, companhia especializada no fornecimento de plataformas tecnológicas, que em 2015 ampliou seu faturamento em 40% no setor de energia e prevê um crescimento de 25% este ano. Em meio às altas tarifas do segmento, a empresa vem expandindo suas operações devido ao elevado volume de players que hoje migram do mercado cativo para o mercado livre de energia. De acordo com o diretor da unidade de Negócios de Energia & Utilities da Paradigma, Marcelo Villa Nova, a alta procura por otimização de atividades no setor está no centro do foco da companhia, que já conta com 20 clientes no setor e mira novas áreas de atuação, como o setor de óleo e gás. “Um dos nossos objetivos em 2016 é aprofundar e desenvolver a oferta para esse mercado”, afirma Villa Nova, que aposta na gestão de contratos como uma das principais demandas em meio ao cenário de crise no segmento. “Já desenhamos produtos de alta competitividade e por isso temos o objetivo de nos tornar uma integradora de soluções nessa área.”
Quais são hoje os principais serviços prestados pela Paradigma?
Hoje o setor de energia representa 50% do nosso faturamento. Nossa oferta principal são plataformas atreladas à comercialização de energia, com contratos de compra e venda. O primeiro produto destinado a esse segmento foi o leilão de energia, por meio da plataforma WBC, que começou em meio ao racionamento energético em 2001. Hoje é uma ferramenta amplamente difundida, e outras empresas usam isso para contratar energia, além de venda ou compra de geradores. Nós atendemos hoje a 70% dos leilões brasileiros no mercado regulado. E outro projeto que criamos é o ETRM – Energy Trade Risk Management, do qual somos parceiros tecnológicos, responsáveis pelo desenvolvimento.
Como funciona esse projeto?
É uma plataforma de gestão de energia, que administra os contratos oriundos dos leilões de comercialização. As empresas contratam o software para calcular faturamento, modulação e outros fatores. Hoje ela é utilizada por diversos setores, tanto com geradoras quanto distribuidoras. Então são algumas dezenas de clientes que abrangemos com isso, como é o caso da Companhia Energética de Brasília e da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica.
Quantos clientes a Paradigma tem em sua carteira?
Atualmente, nós atendemos a mais de 20 empresas no setor de energia. A maior parte no setor elétrico, mas também no segmento de biomassa e outras fontes.
A empresa busca atuar hoje na indústria de óleo e gás?
Sim, já promovemos alguns leilões para gás e chegamos a ser contratados pela Petrobrás. Um dos nossos objetivos em 2016 é aprofundar e desenvolver a oferta para esse mercado. Nós temos uma posição consolidada no nicho de comercialização, então o desenvolvimento dessa área parece claro. É um setor que apresenta um desenho muito similar ao da energia elétrica.
Há algum projeto específico sendo desenvolvido para esse mercado?
Além da nossa participação no setor elétrico, já desenhamos produtos de alta competitividade e por isso temos o objetivo de nos tornar uma integradora de soluções nessa área. Hoje nossa equipe não é de analistas técnicos, mas de profissionais que já desenvolveram suas carreiras em concessionárias de energia ou gás. Nós percebemos nessas empresas uma necessidade latente de contar com um parceiro tecnológico que entenda metro cúbico e megabyte/hora. Isso se torna um diferencial grande, além de garantir maior segurança.
Quanto o setor de óleo e gás representa hoje para a Paradigma?
Hoje é um setor com baixa representatividade. O nosso faturamento ainda advém majoritariamente do setor de energia, e por isso queremos trabalhar na diversificação e atendimento a diversos segmentos. Esse é o nosso desafio.
Como avalia hoje o aumento nas demandas desse segmento?
Nós fizemos uma plataforma apoiada no que entendemos como melhores práticas de governança. Hoje isso se torna fundamental para as empresas de óleo e gás, que cada vez mais exigem uma governança robusta.
Quais são os principais pontos a serem melhorados na cadeia de óleo e gás?
Estamos apresentando nossas plataformas para o mercado, principalmente no atributo da eficiência operacional de óleo e gás. A tecnologia vem para promover uma alta redução de custos e um aumento na eficiência para empresas que atendem até postos de gasolina, onde precisam gerenciar manutenções, administrar redes e organizar frotas de atendimento.
Há alguma perspectiva de projeto para este ano no setor de petróleo?
Nós já reforçamos bastante o atendimento da nossa equipe para esse setor e temos desenvolvido algumas parcerias bem interessantes, que necessariamente provocarão demandas no segmento de óleo e gás. São duas principais: a Sales Force, que detém a maior plataforma reconhecida para relacionamento com cliente, e a ClickSoftware, cujo principal produto é a gestão de serviços de campo. As companhias de gás, principalmente, têm hoje a necessidade de otimização. A ClickSoftware, empresa israelense, trabalha com um algoritmo que atende também ao mercado brasileiro, fornecendo inclusive para a Comgás.
Como é atuação da Paradigma na parceria com a Sales Force?
A parceria foi projetada no início do ano passado, e a Paradigma é um parceiro de implementação dessa tecnologia, tanto da Sales Force quanto da ClickSoftware. A nossa oferta é implantar o produto em empresas do setor de energia, de óleo e gás, entre outras. Exercemos a orientação estratégica e somos um integrador de soluções.
Qual é hoje o faturamento da Paradigma no segmento energético?
Não posso revelar esse dado, mas posso afirmar que o faturamento da unidade de Energia e Utilities da Paradigma cresceu 40% em 2015, e a nossa projeção para este ano é de 25%.
As demandas se mantiveram estáveis apesar da crise no setor?
Sem dúvidas. Em função dessa crise, os preços do mercado cativo de energia se mantiveram altos em comparação ao custo do mercado livre de energia. Com isso nós observamos um crescimento exponencial das empresas que desejam ou estão em fase de migração, saindo do mercado tradicional e indo para o livre. Isso representa uma economia no custo de energia. As concessionárias a que atendemos precisam otimizar seus processos de alguma forma, evitando ao máximo novas despesas. A Paradigma apresenta essas ofertas como opção, ou seja, não será necessário para a empresa fazer um grande desembolso. Nós tivemos crescimento em 2015, e imaginamos que isso vá se sustentar para 2016 em função do movimento dessas empresas em migração.